Júlia Lopes de Almeida
Biografia de Júlia Lopes de Almeida
Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi uma escritora e dramaturga brasileira. Foi a única mulher a participar da fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1897. Na primeira reunião da ABL, teve seu nome excluído da lista de imortais por ser mulher.
Júlia recebeu uma educação liberal e se tornou um símbolo vanguardista lutando não apenas pelo direito das mulheres, como a educação formal, o divórcio e o acesso ao voto, mas também pelo abolicionismo, pela república e a favor dos direitos civis.
Júlia Valentina da Silveira Lopes, conhecida como Júlia Lopes de Almeida, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 24 de setembro de 1862. Filha de uma família formada por ricos e cultos, ainda criança, se mudou com os pais para Campinas, interior de São Paulo.
Era filha do médico Valentin José da Silveira Lopes, mais tarde Visconde de São Valentin, e de Adelina Pereira Lopes, ambos portugueses emigrados para o Brasil.
Com 19 anos, tornou-se escritora do jornal A Gazeta de Campinas, uma atividade intelectual monopolizada pelos homens até então. Mesmo assim, a atividade foi incentivada por seu pai, que descobriu que a filha escrevia versos às escondidas. Em 1884, passou a escrever folhetins para o jornal O País.
Em 1886, Júlia mudou-se para Lisboa, Portugal, onde conheceu o poeta português Filinto de Almeida, com quem se casou em 28 de novembro de 1887, e juntos tiveram três filhos: Afonso Lopes de Almeida, também escritor, Albano Lopes de Almeida e Margarida Lopes de Almeida.
Carreira literária
Em Lisboa, Júlia lançou seu primeiro livro Contos Infantis (1886), com a colaboração de sua irmã Adélia Lopes Vieira, se tornando uma das pioneiras da literatura infantil brasileira. Em 1887, passou a colaborar com A Semana Ilustrada, revista da qual seu marido era diretor.
Também em 1887, publicou Traços e Iluminuras, seu primeiro livro para adultos. Em 1888 retornou para o Brasil, quando publicou seu primeiro romance: Memórias de Marta, que saiu em folhetins.
Júlia Lopes de Almeida colaborou com o periódico Mensageira, destinados às mulheres. A partir de 1899, Júlia passou a colaborou com a revista Brasil - Portugal.
Associada ao Realismo e ao Naturalismo, Júlia passou a fazer palestras e a experimentar o sucesso no final do século XIX, em decorrência de seus textos em jornais, que abordavam a condição da mulher na sociedade da época.
Júlia tornou-se um símbolo vanguardista - lutando não apenas pelo direito das mulheres, como a educação formal, o divórcio e o acesso ao voto, mas também pelo abolicionismo, pela república e a favor dos direitos civis.
Júlia escreveu também para o teatro, com dois volumes publicados e cerca de 10 textos inéditos.
Academia Brasileira de Letras
Com grande prestígio, Júlia integrou o grupo de escritores e intelectuais que participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, em 1897, estando ao lado de Machado de Assis, Olavo Bilac, Graça Aranha, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa.
Júlia fazia parte da primeira lista dos 40 imortais da Academia, porém, na primeira reunião da ABL, seu nome foi excluído da lista. A justificativa era que deveriam manter a Academia exclusivamente masculina, seguindo os moldes da Académie Française de Lettres, que não permitia a participação feminina nas reuniões.
Assim, seu marido foi eleito para ocupar sua cadeira. A ABL só passou a aceitar mulheres 80 anos depois, com a eleição de Rachel de Queiroz.
Últimos anos e morte
Em 1906, Júlia publicou o Livro das Damas e Donzelas, uma série de crônicas sobre mulheres protagonistas de suas próprias histórias revelando a essência de quem sempre lutou pela emancipação feminina. Escreveu:
Seja qual for a guerra que lhe façam, o feminino vencerá. Porque não nasceu da vaidade, mas da necessidade que obriga a triunfar.
Em 1913, Júlia e Filinto foram morar novamente em Portugal, mas a escritora voltou ao Brasil em 1918 para ser uma das fundadoras da Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher. Em 1925, foi para a França, onde ficou até 1931.
Com a colaboração de seu marido, escreveu, em folhetins no Jornal do Commercio, seu último romance, A Casa Verde, em 1932.
Júlia faleceu no Rio de Janeiro, vítima da malária, no dia 30 de maio de 1934, aos 71 anos. Foi sepultada no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Norte do Rio.
Décadas de esquecimento
Por décadas, Júlia Lopes de Almeida foi esquecida pela crítica especializada, tendo sua importância reconhecida de novo apenas nos anos 1980, principalmente por sua obra mais aclamada, A Falência, publicada em 1901, na qual aborda o adultério e faz uma crítica à sociedade brasileira, em especial à decadência econômica e moral da burguesia após a abolição da escravatura em 1888.
- Carolina Maria de Jesus (1914-1977) foi um a escritora brasileira, considerad...
- Ruth Rocha (1931) é uma importante escritora brasileira de literatura infanto...
- Rachel de Queiroz (1910-2003) foi uma escritora brasileira. A primeira mulher...
- Ana Maria Machado (1941) é escritora e jornalista brasileira. Autora de livro...
- Lygia Fagundes Telles (1923-2022) foi uma escritora brasileira. Romancista e...
- Adélia Prado (1935) é uma escritora e poetisa brasileira. Recebeu da Câmara B...
- Tatiana Belinky (1919-2013) foi uma escritora de literatura infanto-juvenil,...
- Lygia Bojunga (1932) é uma escritora brasileira de literatura infanto-juvenil...
- Eva Furnari (1948) é uma escritora de livros infantis e ilustradora brasileir...
- Martha Medeiros (1961) é uma escritora, jornalista e cronista brasileira. É c...