Mary Wollstonecraft
Biografia de Mary Wollstonecraft
Mary Wollstonecraft (1759-1797) foi uma importante escritora e ativista dos direitos humanos, sobretudo, das mulheres. Vale ressaltar também suas ideias abolicionistas.
Considerada a pioneira do feminismo, Mary empenhou-se na luta por uma educação igualitária entre meninos e meninas e defendeu maior autonomia das mulheres no casamento e sociedade, sendo uma influência e inspiração para os movimentos feministas que surgiram no século XIX.
Nascida em Londres, na Inglaterra, em 17 de abril de 1759, Mary veio de uma família de classe média e traçou uma trajetória pouco convencional para uma mulher de seu tempo.
Escreveu livros, artigos e traduziu obras, sendo sua obra mais importante Uma reivindicação pelos direitos da mulher (1792).
A ativista é também lembrada por ser a mãe de Mary Shelley, que viria a se tornar a autora da importante obra de ficção científica Frankenstein.
Vida familiar e juventude
Filha de Edward John Wollstonecraft e Elizabeth Dixon, Mary veio de uma família com algumas posses, mas que, devido aos excessos do pai, perdeu grande parte da estabilidade financeira.
Sendo a segunda de sete filhos do casal, viveu em um ambiente familiar hostil, onde testemunhou episódios de alcoolismo e violência doméstica por parte de seu pai. Consta que ela, adolescente, algumas vezes tentou evitar agressões ao se posicionar em frente à porta do quarto da mãe.
Mary se colocou também como responsável por suas irmãs. Em dada ocasião, ajudou uma delas, Eliza, a deixar um casamento infeliz.
Desenvolveu ainda amizades importantes na juventude, que contribuíram para sua formação e ampliação na visão de mundo. Jane Arden foi uma grande companheira, com quem compartilhava leituras e podia frequentar a casa e ouvir os ensinamentos de seu pai, um entusiasta da ciência e filosofia.
Outra mulher ainda mais relevante em sua vida foi Fanny Blood. Mary e suas irmãs, Eliza e Everina, fundaram uma escola com Blood em um distrito de Londres que também funcionava como uma pensão para mulheres. As duas tinham uma relação muito profunda, de intensa admiração e companheirismo.
Em 1785, após um parto complicado, Fanny faleceu, o que deixou Mary desolada.
Início da carreira intelectual
Mary chegou a trabalhar como dama de companhia e governanta de uma viúva na Irlanda, mas a convivência com a senhora não era das melhores. Assim, retornou à Inglaterra e decidiu se dedicar à carreira de escritora.
Apoiada por Joseph Johnson, um influente editor literário, pode seguir na atividade intelectual, escrevendo, revisando e traduzindo artigos. Com ele também desenvolveu grande amizade.
Em 1788 escreve seu primeiro romance, intitulado Mary: A Fiction, com uma protagonista forte, que tece críticas contundentes ao casamento e aos comportamentos esperados das mulheres.
Foi mais ou menos nesse período que conheceu e se relacionou com o pintor suíço Henry Fuseli, que era casado. Chegou a sugerir que Henry e sua esposa tivessem uma relação a três, mas foi rejeitada por ele.
A viagem para a França e o nascimento de Fanny
Após escrever sua obra-prima, Uma reivindicação pelos direitos da mulher, em 1792, Mary Wollstonecraft vai para a França, determinada a ver de perto os acontecimentos da Revolução Francesa.
Lá conhece o norte-americano Gilbert Imlay, por quem se apaixona intensamente. O relacionamento entre eles era conturbado e Gilbert não parecia demonstrar tanto interesse em um compromisso quanto Mary.
Em 1794 a escritora dá a luz a uma filha dele, que recebe o nome de sua melhor amiga Fanny, falecida de parto anos antes.
Algum tempo depois, Gilbert decide se separar, o que afetou fortemente a saúde psicológica e emocional de Mary.
O retorno à Inglaterra e o casamento com William Godwin
Mãe-solo em um país estrangeiro, ela volta para Inglaterra, onde tenta suicídio se jogando no rio Tâmisa, mas felizmente é salva por um desconhecido.
Com o tempo, volta a frequentar as rodas de intelectuais britânicos, onde reencontra William Godwin, um dos precursores do pensamento anarquista.
Os dois se envolvem amorosamente e ela engravida, o que faz com que decidam se casar em março de 1797 para que a criança seja legítima, contrariando as ideias críticas de Godwin ao matrimônio.
A relação entre eles foi bastante respeitosa e feliz. Morando em casas separadas, os dois mantiveram autonomia e liberdade.
O nascimento da segunda filha e morte
A segunda filha de Mary Wollstonecraft vem ao mundo em 30 de agosto de 1797. A garota recebe o mesmo nome da mãe: Mary.
Depois de um parto complicado, a escritora desenvolveu uma grave infecção uterina, que causou o seu falecimento em 10 de setembro de 1797, em Londres.
Morta de um problema comum às mulheres do século XVIII, Mary foi privada da convivência com a filha, que veio a se tornar Mary Shelley, uma importante escritora, autora de Frankenstein, livro precursor das ficções científicas.
William não se conformou com a morte da esposa, declarando em carta: "Acredito que não existe nenhuma outra igual a ela em todo o mundo. Sei, pela nossa experiência, que fomos criados para fazer o outro feliz. Acho que nunca mais vou conhecer a felicidade outra vez".
No ano seguinte à sua morte, Godwin publicou um livro de memórias em que relatava a vida de Mary e sua visão de mundo, o que acabou manchando de vez a reputação da ativista e trouxe um apagamento de sua figura.
Uma reivindicação pelos direitos da mulher (1792)
Como citado, a obra literária de maior importância dessa intelectual foi Uma reivindicação pelos direitos da mulher, lançada em 1792 e vista como uma das bases do feminismo.
O livro constitui um documento essencial sobre o pensamento vigente no final do século XVIII e os argumentos contundentes de Mary a favor de um tratamento e educação igualitária entre os gêneros.
A obra foi uma resposta à constituição francesa de 1789 e se dirige diretamente a intelectuais do iluminismo como John Gregory, James Fordyce e Jean-Jacques Rousseau.
Nesse livro é possível entender as principais ideias feministas da autora, que acreditava na racionalidade e acesso ao conhecimento como forma de emancipação e liberdade.
Mary ainda criticava o excesso de sentimentalismo e superficialidade a que as mulheres (burguesas) estavam sujeitas e defendia que elas deviam ter condições de se desenvolverem intelectualmente tanto quanto os homens e gerenciar seus próprios bens.
O livro foi lançado em 2016 no Brasil pela editora Boitempo e traz a socióloga Maria Lygia Quartim de Moraes como autora do prefácio. Sobre a obra, Maria Lygia afirma:
'Reivindicação dos direitos da mulher' resulta tanto de uma trajetória de lutas militantes de Mary como de seus enfrentamentos contra a moral sexista e conservadora da época.
Para saber mais sobre Mary e esse livro veja as considerações da estudiosa no vídeo:
Outros livros importantes de Mary Wollstonecraft
- Pensamentos sobre a educação das filhas, com reflexões sobre a conduta feminina, nos mais importantes deveres da vida (1787)
- Mary: a fiction (1788)
- Uma reivindicação dos direitos dos homens (1790)
- Maria: ou, os erros da Mulher (livro inacabado e publicado postumamente em 1798 por William Godwin)
Frases de Mary Wollstonecraft
O direito divino dos maridos, tal como o direito divino dos reis, pode, espera-se, nesta era esclarecida, ser contestado sem perigo.
Eu não desejo que as mulheres tenham poder sobre os homens; mas sobre si mesmas.
O começo é sempre hoje.
Para se ser uma boa mãe uma mulher deve ter o bom senso e aquela independência de espírito que poucas mulheres possuem quando são ensinadas a depender inteiramente dos seus maridos.
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