Osvaldo Cruz

Médico sanitarista brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Osvaldo Cruz

Osvaldo Cruz (1872-1917) foi um médico brasileiro. Sanitarista, bacteriologista e epidemiologista ele foi o responsável pela erradicação da peste bubônica, da febre amarela, da varíola no país.

Infância e Formação

Osvaldo Gonçalves Cruz nasceu em São Luiz de Paraitinga, São Paulo, no dia 5 de agosto de 1872. Filho de Bento Gonçalves Cruz, médico carioca, e de Amélia Bulhões da Cruz, em 1877 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro.

Osvaldo Cruz Iniciou os estudos com sua mãe e aos 5 anos já sabia ler e escrever. Estudou no Colégio Laure, no São Pedro de Alcântara e no Abílio. Ingressou depois no Externato Dom Pedro II, onde fez os preparatórios para medicina.

Em 1887, com 15 anos, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e seu fascínio era pelo microscópio. Em 1891, ainda estudante, publicou dois trabalhos pioneiros sobre microbiologia, um ramo novo da medicina. Em 1892, com 20 anos, formou-se em medicina.

Início da Carreira

Osvaldo Cruz começou a trabalhar no Laboratório de bacteriologia na Cadeira de Higiene da Faculdade de Medicina. Após a morte do pai, acumulou a chefia da clínica paterna.

Em 24 de dezembro de 1892, defendeu sua tese com o tema "Veiculação Microbiana pelas águas do Rio de Janeiro". Em 1893 casa-se com Emília da Fonseca, com quem teve seis filhos.

Com a ajuda do sogro, Instalou um laboratório, após perder o emprego na faculdade. Nessa mesma época, conheceu Sales Guerra, que o indicou para o Gabinete de Anatomia Patológica do Rio de Janeiro.

Em 1896 vai para Paris, para trabalhar com Olhier e Vilbert, especialistas em medicina legal, mas seu interesse por microbiologia o levou a estagiar no Instituto Pasteur sob a direção de Émile Roux, descobridor do soro antidiftérico.

Peste Bubônica

Em 1899, ao voltar ao Brasil, logo foi encarregado pela diretoria do Instituto de Higiene de debelar o surto de peste bubônica que assolava o porto de Santos.

A Fazenda Manguinhos, no Rio de Janeiro, foi escolhida para instalação do Instituto Soroterápico Nacional, para a fabricação do soro, uma vez que importa-lo seria demorado e dispendioso.

Osvaldo Cruz foi indicado para diretor técnico do Instituto, inaugurado, sem solenidades, em julho de 1900. Em condições precárias e com uma equipe improvisada o soro logo ficou pronto e foi enviado para Santos, diminuindo rapidamente a mortalidade provocada pela peste.

Combate à Febre Amarela

Em 1902, Osvaldo Cruz assumiu a direção geral do Instituto Manguinhos e logo começou a ampliação e o transformou em um centro de pesquisas e experimentos científicos, permitindo a formação de especialistas em moléstias tropicais.

Nessa época, o Rio de Janeiro também era assolado pela peste bubônica, pela varíola e a febre amarela. Osvaldo Cruz foi indicado para Diretor da Saúde Pública, pelo presidente Rodrigues Alves, tomando posse em 26 de março de 1903.

Exterminar a febre amarela que rondava os portos e as cidades do litoral, foi a primeira medida de Osvaldo Cruz, que conhecia as experiências desenvolvidas pelo médico cubano, Finlay, que apontava como transmissor da febre o mosquito rajado que proliferava nas águas estagnadas..

Osvaldo Cruz isolou os doentes e iniciou a campanha para acabar com as águas paradas. Um contingente de 85 homens foi a campo e mesmo com o descrédito da população, a febre amarela foi debelada em três anos.

A Revolta da Vacina

A varíola, ao contrário da febre amarela, entrava no país com os imigrantes vindos do exterior e com as pessoas que chegavam do norte e do nordeste. A vacina já era obrigatória em vários países europeus.

Em maio de 1904, Osvaldo Cruz determinou que os agentes sanitários começassem a vacinação em massa da população.

Porém, uma campanha popular contra Osvaldo Cruz e contra a vacinação obrigatória tomou conta dos jornais. Em consequência, o número de vacinados teve uma grande queda.

Propagavam-se os rumores mais absurdos a respeito da vacina, dizia-se que além de não evitar a moléstia, causava outras doenças. Durante vários dias a cidade foi tomada pela desordem e revolta com o povo enfrentando a polícia.

Depois de vários conflitos, o governo consegue sufocar um levante militar e a revolta popular, mas teve que revogar a obrigatoriedade da vacina. Em 1908 uma nova epidemia de varíola assolou o Rio. A partir de então, a vacinação passou a acontecer com mais calma. Nesse mesmo ano, o Instituto soroterápico recebeu o nome de Instituto Osvaldo Cruz.

Últimos Anos

Em 1909, com a saúde abalada, Osvaldo Cruz deixa a direção da Saúde Pública, dedicando-se apenas ao Instituto. Em 1910 aceitou o convite da empresa que construía a estrada de ferro Madeira-Mamoré na região amazônica e fez um estudo do saneamento da região.

Osvaldo Cruz foi a Belém debelar a febre amarela. Comandou também o saneamento do vale amazônico, com a colaboração de Carlos Chagas.

Em 1911 em Dresden, na Alemanha, a Exposição Internacional de Higiene confere um diploma de honra ao Instituto Osvaldo Cruz. Autor de cerca de cinquenta títulos científicos, em 1912, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira n.º 5. Em 1916 retira-se para Petrópolis, já bem debilitado.

Osvaldo Cruz faleceu de insuficiência renal, em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 11 de fevereiro de 1917.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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