Pierre Bayle

Filósofo francês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Pierre Bayle

Pierre Bayle (1647-1706) foi um filósofo cético e escritor francês, pai da tolerância religiosa e autor do “Dicionário Histórico e Crítico”, o livro mais popular na Europa no fim do século XVII e começo do século XVIII.

Pierre Bayle (1647-1706) nasceu em Carla-le-Comte, hoje Carla-Bayle, na França, no dia 18 de novembro de 1647. Filho de um ministro calvinista iniciou seus estudos na Academia Protestante de Puylaures. Estudou Filosofia no colégio jesuíta de Toulouse, quando se converteu ao catolicismo, mas depois de rever a religião tornou-se cético. Em 1661, fugindo das perseguições que sofria, mudou-se para Genebra onde se dedicou à atividade literária.

Pierre Bayle, um livre pensador, chamado de profeta da tolerância, em 1670 retornou à religião de seus pais. Tecnicamente ele foi um huguenote – denominação dada pelos católicos franceses ao protestante da vertente calvinista – aquela que atribui a um mistério impenetrável pela mente humana a vinda ao mundo de pessoas já escolhidas por Deus para ser salvas, por mais terríveis os crimes e pecados cometidos por elas.

Em 1673 voltou para a França e em 1675 tornou-se professor de Filosofia na academia calvinista da cidade de Sedan. Em 1680 deixou Sedan, depois que a escola foi fechada por ordem de Luís XIV, refugiou-se em Roterdã, onde lecionou História e Filosofia. Em 1682 escreveu “Critique Générale de L’historie du Calvinisme de M. Maimbourg”, onde fez uma forte defesa do protestantismo francês. O livro foi condenado pelas autoridades católicas e queimado na Praça de Grève, em Paris.

Entre 1684 e 1687 editou “Nouvelles de la République des Lettres”, uma revista de literatura e filosofia muito influente na época. Em 1685, após a revogação do Edito de Nantes, que dava fim à tolerância religiosa aos huguenotes, que voltariam a ser perseguidos. Pierre Bayle escreveu “Commentaire Philosophique” (1686). O livro gerou grande polêmica religiosa sendo criticado pelos protestantes, pelo ortodoxo Pierre Jurieu e pelo moderado Elie Saurin, que achavam que o texto incentivava a descrença religiosa.

Em 1690, Pierre Bayle publicou “Avix aux réfugiés”, onde ataca a atitude política dada os refugiados protestantes na Holanda. Escreveu o filósofo: “Se a multiplicidade de credos prejudica o Estado, isso se deve ao fato de que, em vez de se apoiarem, as religiões tentam destruir umas às outras pelo método da perseguição”. Os monarcas eram considerados culpados pelas guerras religiosas por ser tolerantes com a existência em seus reinos de diversas correntes de fé. Bayle insistia que a violência deriva não da tolerância dos governantes, mas da intolerância dos religiosos. Em 1693 foi obrigado a deixar o cargo de professor.

Entre 1696 e 1697, Pierre Bayle dedicou-se à elaboração do “Dicionário Histórico e Crítico”. Mesmo oprimido passou diversas mensagens principalmente nas notas de rodapé e em verbetes aparentemente inofensivos do Dicionário, como na tese de que toda religião é irracional e absurda. Portanto, bem melhores serão os negócios dos homens no governo, na ciência e na filosofia quanto mais compostos de ateus forem seus quadros.

Uma consequência prática do pensamento de Pierre Bayle é a separação entre o universo da fé e o da razão. Isso explica por que ele, um calvinista, foi venerado pelos pensadores iluministas do seu tempo, que ao criarem o método científico, deram origem ao mundo moderno. A fé e a razão não brigam. Também não se completam. São Universos paralelos. Seu Dicionário se tornou o livro mais popular na Europa principalmente na Inglaterra, Holanda e França no fim do século XII e começo do século XVIII.

Pierre Bayle faleceu em Roterdã, na Holanda, no dia 28 de dezembro de 1706.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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