Blaise Pascal

Filósofo francês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Blaise Pascal

Blaise Pascal (1623-1662) foi um filósofo, matemático, físico e escritor francês. É o autor da famosa frase: "O coração tem razões que a própria razão desconhece", que nomeia os dois elementos do conhecimento sobre os quais ele construiu sua doutrina filosófica – o raciocínio lógico e a emoção.

Blaise Pascal nasceu em Clermont-Ferrand, França, no dia 19 de junho de 1623. Órfão de mãe, teve a sua educação entregue aos cuidados do pai. Seu talento precoce para as ciências físicas levou a família para Paris onde ele se dedicou ao estudo da matemática.

Com apenas 16 anos, Pascal escreveu “Ensaio Sobre as Cônicas” (1640). Neste mesmo ano, seu pai foi transferido para Rouen e lá Pascal realizou suas primeiras pesquisas no campo da física.

Nessa época, inventou uma "pequena máquina de calcular", a primeira "calculadora manual" que se conhece, mantida atualmente no "Conservatório de Artes e Medidas de Paris".

blaise pascal
Calculadora criada por Blaise Pascal

Datam desse mesmo período, os primeiros contatos de Pascal com os jansenistas - facção católica que inspirada em Santo Agostinho, rejeitava o conceito de livre arbítrio, aceitava a predestinação e ensinava que a graça divina, e não as boas obras, seria a chave da salvação.

Atividades científicas

Em 1647, Pascal retornou a Paris e dedicou-se à atividade científica. Realizou experiências sobre a pressão atmosférica, escreveu um tratado sobre o vácuo, inventou a prensa hidráulica, a seringa, e aperfeiçoou o barômetro de Torricelli.

Em matemática, ficaram célebres a sua teoria da probabilidade e o seu “Tratado do Triângulo Aritmético" (1654), que estabelece as séries que possibilitam o cálculo das combinações de “m” elementos tomados “n” a “n” e das potências semelhantes nos termos de uma progressão aritmética.

Seu trabalho apresentava diversas relações que seriam de grande valor para o desenvolvimento posterior da estatística.

Filosofia de Blaise Pascal

Em 1654, depois de quase morrer em um acidente de carruagem e passar por uma experiência mística, Pascal decidiu consagrar-se a Deus e à religião. Elegeu seu guia espiritual o padre jansenista Singlin, e em 1665, recolheu-se à abadia de Port-Royal des Champs, centro do jansenismo.

Nesse período, elaborou os princípios de sua doutrina filosófica, centrada na contraposição dos dois elementos básicos e não excludentes do conhecimento: de um lado, a razão com suas mediações que tendem ao exato, ao lógico e discursivo (espírito geométrico), e do outro lado, a emoção, ou o coração, que transcende o mundo exterior, intuitiva, capaz de aprender o inefável, o religioso e o moral (espírito de finura).

Pascal resumiu sua doutrina filosofia na frase que a humanidade repete há séculos, na qual nomeia os dois elementos do conhecimento - a razão e a emoção

"O coração tem razões que a própria razão desconhece"

A compreensão desse modo de ser do homem, sua condição no mundo, estabelecida entre extremos, é o principal objeto da filosofia de Pascal. Na base dessa divisão, está a oposição entre a natureza divina do espírito e a natureza humana e falha pecaminosa da matéria.

As concepções filosófico-religiosas de Pascal estão reunidas nas obras: “Les Provinciales” (1656-1657), um conjunto de 18 cartas escritas para defender o jansenista Antoine Arnauld, oponente dos jesuítas que estava em julgamento pelos teólogos de Paris, e “Pensées” (1670), um tratado sobre a espiritualidade, em que faz a defesa do cristianismo.

Em Les Provinciales surgiram as primeiras evidências de que Pascal começava a se afastar do jansenismo, tendência aprofundada em Pensées, quando voltou-se para uma visão antropocêntrica da graça e deu à iniciativa humana uma importância que não mais coadunava com os preceitos jansenistas.

O escritor

Pascal revestiu suas reflexões filosóficas em um estilo elegante, breve e conciso que o tornou o primeiro grande prosador da literatura francesa.

Em uma linguagem profundamente identificada com o seu modo singular de pensar o mundo, transmitiu com senso exato da palavra, a contradição entre a lógica pura e a angústia existencial, o antagonismo entre a ciência e o metafísico e a luta entre o espírito e a carne.

Fascinado pelos mistérios do que chamou de “condição humana”, tratou com extrema lucidez esse aspecto que ele adquiriu um sentido definitivo na filosofia moderna.

A obra de Pascal como teólogo e escritor foi muito mais influente do que sua contribuição à ciência. Está presente nos românticos do século XVIII, nas reflexões de Friedrich Nietzsche e nos modernistas católicos que encontraram nele o precursor de seu pragmatismo.

Últimos anos e morte

A partir de 1659, com a saúde abalada, Pascal pouco escreveu. Compôs a “Oração pela Conversão”, que despertou a admiração dos ingleses Charles e John Wesley, fundadores da Igreja Metodista.

Blaise Pascal faleceu em Paris, França, no dia 19 de agosto de 1662.

Frases de Blaise Pascal

  • "O coração tem razões que a própria razão desconhece."
  • "A justiça sem a força é impotente, a força sem justiça é tirana."
  • "Nunca se ama alguém, mas somente as qualidades."
  • "Nada há de bom nesta vida salvo a esperança de uma outra vida."
  • "O homem é feito visivelmente para pensar; é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever é pensar bem."
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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