Padre Antônio Vieira

Religioso português
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Padre Antônio Vieira

Padre Antônio Vieira (1608-1697) foi um religioso, escritor e orador português, a principal expressão do Barroco Literário da língua portuguesa. Escreveu cerca de 200 sermões, nos quais revela conhecimento político, social e religioso.

Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, na Rua do Cônego, próximo a Sé, no dia 6 de fevereiro de 1608. Filho de Cristóvão Vieira, funcionário da coroa, e de Maria de Azevedo, tinha sete anos quando seu pai foi nomeado para o cargo de escrivão em Salvador. Estudou no colégio dos jesuítas e com 15 anos ingressou na Companhia de Jesus, iniciando seu noviciado.

Sermões

Em 1626, Antônio Vieira, ainda noviço, ensinou retórica e foi encarregado de redigir o trabalho da Companhia de Jesus, em carta anual, remetida para os superiores em Lisboa. Em 1633 estreou no púlpito com o sermão “Maria, Rosa Mística”. No ano seguinte ordenou-se padre.

Como pregador, o Padre Antônio Vieira defendia a colônia, clamava pela expulsão dos holandeses da Bahia e de Pernambuco e se empenhava na revitalização do catolicismo. A atividade do orador era muito importante e, em cima do púlpito da Igreja Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador, sua fama se espalhou.

padre antônio vieira
Púlpito da Igreja Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador

Pregador e Mediador da Corte

Em 1641, com 33 anos, Padre Antônio Vieira retornou para Lisboa em um momento crucial da história portuguesa: depois de seis décadas de subordinação ao trono espanhol, restaurava-se o reinado de Portugal com D. João IV, o primeiro monarca da casa de Bragança. As pregações de Padre Antônio Vieira, cheias de patriotismo, conquistaram o rei e a rainha D. Luísa.

Padre Antônio Vieira tornou-se o maior pregador da corte, conselheiro de D. João IV, mediador e representante de Portugal em relações econômicas e políticas em Paris, Amsterdã e Roma. Enfrentou complicadas intrigas palacianas. Tornou-se um contemporizador ao se envolver na diplomacia do rei – chegou até a propor que se entregasse Pernambuco, de vez, aos holandeses.

Antônio Vieira defendia os direitos de judeus e cristãos novos e pregava a volta deles para Portugal, país católico que os expulsara, uma vez que a maioria era comerciante o que estimularia o comércio naquele país. Assim se criou a Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649).

Catequese e Prisão

De volta ao Brasil, Padre Antônio Vieira se dedicou às missões de catequese no Pará e no Maranhão (1653-1661), uma vez que dominava sete idiomas indígenas. Lutou contra os colonos portugueses que desejavam escravizar os índios no Maranhão. Em 1661 foi expulso do Maranhão pelos senhores de escravos que não aceitavam suas ideias.

Voltou para Lisboa, onde defendeu a liberdade religiosa, na época em que as pessoas suspeitas de heresia eram condenadas pela inquisição. Os inquisidores desconfiavam da aproximação de Vieira com os judeus. Foi preso pela inquisição entre 1666 e 1667, acusado de praticar heresias. Anistiado, viajou para Roma, quando foi absolvido pelo Papa em 1675.

O Orador

Aliando sua formação como jesuíta e a estética barroca em voga, o Padre Antônio Vieira tornou-se um orador incomparável. Pronunciava sermões que se tornaram a expressão máxima do Barroco em prosa e uma das principais expressões ideológicas e literárias da Contra Reforma. Pregou no Brasil, em Portugal e na Itália. Entre sua vasta produção de sermões, destacam-se:

  • Sermão da Sexagenária: proferido na Capela Real de Lisboa em 1653, quando tematiza a arte de pregar.
  • Sermão Pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda:  proferido na Bahia em 1640, quando coloca-se contrário à invasão holandesa.
  • Sermão de Santo Antônio (aos peixes):  proferido no Maranhão em 1654, no qual ataca a escravização de índios.
  • Sermão do Mandato: pronunciado na Capela Real de Lisboa em 1645, no qual desenvolve o tema do amor místico.

Últimos Anos

Padre Antônio Vieira abandonou definitivamente a Corte, voltou para Salvador, em 1681, e se dedicou a ordenar seus sermões para transformá-los em livros, deixando mais de 200 sermões e 700 cartas. Doente e quase cego, fez suas últimas pregações.

Padre Antônio Vieira morreu em Salvador, Bahia, no dia 17 de junho de 1697.

Frases de Padre Antônio Vieira

  • "O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia e um morto que vive."
  • "A mais doce de todas as companheiras da alma é a esperança."
  • "Há pessoas semelhantes à vela que se consomem para alumiar o caminho alheio."
  • "Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras."

Outras Obras de Antônio Vieira

  • Sermão de São Pedro
  • Sermão de São Roque
  • Sermão de Santa Teresa
  • Sermão de Todos os Santos
  • Sermão do Espírito Santo
  • Sermão de Nossa Senhora do Rosário
  • Quinto Império 
  • História do Futuro 
  • Esperanças de Portugal 
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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