Frei Galvão

Religioso brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Frei Galvão

Frei Galvão (1739-1822) foi o primeiro santo brasileiro. Foi Canonizado pelo Papa Bento XVI, durante sua visita ao Brasil, em 11 de maio de 2007. As pílulas de Frei Galvão, pequeninos papeis escritos com versículos da Bíblia, dobrados e ingeridos pelos fieis, realizaram vários milagres em seus seguidores.

Antônio de Sant’ Anna Galvão, mais conhecido como Frei Galvão, nasceu em Guaratinguetá, no interior do Estado de S. Paulo, provavelmente no dia 10 de maio de 1739. Era filho de Antônio Galvão de França e de Isabel Leite de Barros.

Seu pai era Capitão-mor e pertencia a Ordem Terceira de São Francisco e a Ordem do Carmo. Se dedicava ao comércio e era conhecido pela sua particular generosidade. Sua mãe teve onze filhos e morreu com apenas 38 anos de idade com fama de grande caridosa.

Frei Galvão viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, seus pais gozavam de prestígio social e influência política. Viviam num ambiente profundamente religioso.

Formação religiosa

Com a idade de 13 anos, Galvão foi para Belém da Cachoeira, na Bahia a fim de estudar no Seminário dos Padres Jesuítas, onde já se encontrava seu irmão José. Permaneceu de 1752 a 1756.

Seu pai, preocupado com as ações do Marques do Pombal, contra os jesuítas, aconselhou o filho a viver com os Frades Menores Descalços de São Pedro de Alcântara, do Convento em Taubaté, próximo a Guaratinguetá.

Aos 21 anos, no dia 15 de abril de 1760, ingressou no noviciado do Convento de São Boaventura, na Vila de Macacu, no Rio de Janeiro. Durante o noviciado distinguiu-se pela piedade e pela prática das virtudes, conforme consta no livro "Religiosos Brasileiros".

No dia 16 de abril de 1761, fez o juramento dos Franciscanos, de se empenhar na defesa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, doutrina ainda controvertida, mas aceita e defendida pela Ordem Franciscana.

Foi admitido à ordenação sacerdotal em 11 de julho de 1762. Depois de ordenado foi mandado para o Convento de S. Francisco em São Paulo, com o fim de aperfeiçoar os estudos de filosofia e teologia como também de exercitar-se no apostolado.

Terminado os estudos, em 1768, foi nomeado Pregador, Confessor dos Leigos e Porteiro do Convento, cargo este considerado importante porque pela comunicação com as pessoas permitia fazer um grande apostolado, ouvindo e aconselhando a todos.

Foi confessor estimado e muitas vezes, quando era chamado, ia a pé mesmo aos lugares distantes. Em 1769 e 1770 foi designado Confessor de um Recolhimento de piedosas mulheres, as "Recolhidas de Santa Teresa" em São Paulo.

Neste Recolhimento, encontrou Irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo Recolhimento.

Frei Galvão, como confessor, ouviu e estudou tais mensagens e solicitou o parecer de pessoas sábias e esclarecidas, que reconheceram tais visões como válidas.

A data oficial da fundação do novo Recolhimento foi 2 de fevereiro de 1774. Irmã Helena queria modelar o Recolhimento segundo a Ordem Carmelitana, mas o Bispo de São Paulo, franciscano e defensor da Imaculada, quis que fosse segundo a das Concepcionistas aprovadas pelo Papa Júlio II, em 1511.

A fundação passou a se chamar "Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência" e Frei Galvão, seu fundador.

No dia 23 de fevereiro de 1775 morreu a Irmã Helena. Durante quatorze anos (1774-1788) Frei Galvão cuidou da construção do Recolhimento. Outros quatorze (1788-1802) dedicou-se à construção da Igreja, inaugurada em 15 de agosto de 1802. (A obra tornou-se por decisão da UNESCO - Patrimônio Cultural da Humanidade).

Frei Galvão, além da construção e dos encargos especiais dentro e fora da Ordem Franciscana, deu muita atenção e o melhor de suas forças à formação das Recolhidas. Escreveu um Estatuto, guia da vida interior e de disciplina religiosa.

Em 1781, foi nomeado Mestre do noviciado de Macacu, Rio de Janeiro. O Bispo, porém, que o queria em São Paulo, não fez chegar a ele a carta do Superior Provincial.

Frei Galvão foi nomeado Guardião do Convento de S. Francisco em São Paulo, em 1798 e reeleito em 1801. Tornou-se Guardião sem deixar a direção espiritual das Recolhidas.

Em 1811, a pedido do Bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, no Estado de S. Paulo. Aí permaneceu onze meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos iniciais da construção da Casa.

Voltou para São Paulo, onde permaneceu 10 anos, no Recolhimento da Luz. Durante sua doença, Frei Antônio passou a morar num "quartinho" atrás do Tabernáculo, no fundo da Igreja, graças a insistências das religiosas, que desejavam prestar-lhe algum alívio e conforto.

Frei Galvão morreu em São Paulo, no dia 23 de dezembro de 1822. A pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na Igreja do Recolhimento da Luz que ele mesmo construíra.

Frei Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II, no dia 25 de outubro de 1998. Foi Canonizado pelo Papa Bento XVI, durante sua visita ao Brasil, no dia 11 de maio de 2007.

Milagres de Frei Galvão

O milagre das "pílulas" de Frei Galvão teve início quando ele foi procurado por um senhor muito aflito porque sua mulher estava em trabalho de parto.

Frei Galvão escreveu em três pequenos papéis o versículo do Ofício da Santíssima Virgem e entregou ao homem. A mulher ingeriu as “pílulas” e teve um parto sem problemas.

O mesmo ocorreu com um jovem que se retorcia com dores provocadas por cálculos. Frei Galvão fez outras “pílulas” e deu ao rapaz, que depois de ingerí-las os cálculos foram expelidos.

A fé nos pequenos papéis de Frei Galvão se espalhou e até hoje o mosteiro fornece as “pílulas” para as pessoas que têm fé na intercessão do frei.

Oração de Frei Galvão

“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro, louvo a vos dou graças pelos benefícios que me fizestes. Peço-vos por tudo que fez e sofreu vosso venerável Frei Antônio de Sant’ Anna Galvão, que aumentais em mim a fé, a esperança e a caridade, e vos digneis conceder-me a graça que ardentemente almejo”.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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