João de Barro

Compositor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de João de Barro

João de Barro (1907-2006) foi um compositor brasileiro. Também conhecido por Braguinha, fez sucesso com suas marchinhas de carnaval. Fez parte do quarteto Bando dos Tangarás, junto com Noel Rosa, Almirante e Alvinho.

João de Barro nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de março de 1907. Para os documentos oficiais ele é Carlos Alberto Ferreira Braga, para a música popular ele é João de Barro, ou Braguinha. Era filho de Carlos Alberto Ferreira Braga, gerente da fábrica de tecidos Confiança.

Carlinhos, como era chamado, começou a gostar de música muito cedo. Dizia que começou a se interessar por música porque sua avó morava com eles e cantarolava canções italianas.

Aprendeu a tocar violão no Colégio Batista, com o amigo e futuro compositor Henrique Brito, instrumentista de enorme talento. Adotou o pseudônimo "João de Barro", pois na época não ficava bem um "rapaz de família" fazer música popular. Entrou para o curso de Arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes, abandonando logo depois.

Carreira musical

Por volta de 1925, João de Barro e Henrique Brito reuniram mais três amigos, também do colégio, formaram o conjunto Flor do Tempo, que tocava nas reuniões de amigos de Eduardo Dale, diretor da casa Pratt.

Pouco depois, o cantor Almirante ingressou no grupo como pandeirista, e logo o conjunto estava fazendo uma excursão para tocar na Escola Normal de Vitória, no Espírito Santo.

Com todo o sucesso, o conjunto rejeitava qualquer proposta de profissionalização. Eram amadores e se ofendiam com ofertas de remuneração. A última apresentação do Flor do Tempo foi em 12 de julho de 1929, no Cassino Beira Mar.

Iniciou-se um novo capítulo na vida de João de Barro. Para gravar discos, o conjunto reuniu novos parceiros: João de Barro, apelido escolhido nessa época, Henrique Brito, Álvaro Miranda (Alvinho), Almirante e Noel Rosa. Estava formado o “Bando de Tangarás”.

Os rapazes foram à fábrica de discos, a antiga Parlophon, e falaram com o gerente sobre interesse que tinham em gravar. O conjunto foi aprovado e gravaram um disco de 78 rotações que trazia de um lado “Anedotas” e do outro “Galo Garnizé – músicas de Almirante.

O disco agradou e em seguida os Tangarás gravaram o célebre “Na Pavuna”, que trazia uma inovação, pois eram acompanhados por uma batucada. O samba era uma parceria de Homero Dornelas – o Candoca da Anunciação – e Almirante.

Para a batucada recrutou-se tocadores de tamborins, cuícas, surdos e pandeiros. Juntou-se também o bandolim de Luperce Miranda e o piano de Carolina Cardoso de Menezes.

O disco posto à venda nas vésperas do Natal de 1929, foi um sucesso. A música tornou-se conhecida em todo o Rio de Janeiro. Como o sucesso só aumentava, até João de Barro, que não se considerava cantor, gravou dois sambas, ambos de Lamartine: “Cor de Prata” e Minha Cabrocha”, que fez grande sucesso.

Depois, João de Barros fez sua primeira composição, “Dona Antônia”. Em 1933 lançou “Moreninha da Praia” e “Trem Blindado”, que foi sua primeira música feita especialmente para o carnaval.  

O primeiro grande sucesso de João de Barro (Braguinha) se deu no carnaval de 1934, com "Linda Lourinha", espécie de resposta à marchinha "Linda Morena", de Lamartine Babo.  Ainda com Lamartine, compôs o sucesso: "Uma Andorinha Não Faz Verão". A partir de então, não houve um só carnaval que Braguinha deixasse de brindar o povo brasileiro com suas marchinhas e seu bom humor.

Embora seu parceiro mais constante fosse, a partir de 1935, Alberto Ribeiro, Braguinha compôs outros sucessos de carnaval, sozinho ou com outros compositores. Em 1937, Braguinha compôs a letra da música "Carinhoso", feita por Pixinguinha, vinte anos antes.

De espírito sempre alegre, Braguinha animava os carnavais, e suas músicas eram lembradas todos os anos. Ainda com Alberto Ribeiro lançou os sucessos: “Touradas em Madri” (1938), “Yes! Nós Temos Banana” (1938), gravada por "Carmem Miranda”, “Tem Gato Na Tuba” (1948) e “Chiquita Bacana” (1949), também gravada por Carmem Miranda.

Em 1944, João de Barro e Alberto Ribeiro compuseram a música "Copacabana", que foi gravada em 1946 por Dick Farney e transformou-se em enorme sucesso nacional e internacional.

Trinta anos após a gravação de Yes! Nós Temos Banana, Caetano Veloso relançou a música. A música “Balancê”, também uma composição feita em parceria, foi regravada quarenta e dois anos depois, por Gal Costa.

Família

Em 1938, João de Barro (Braguinha) casou-se com a normalista Astréa Rabelo Cantolino, nessa época já era um compositor de sucesso.

O casal teve uma filha, Maria Cecília, que lhe deu três netos.

João de Barro ou Braguinha, faleceu no Rio de Janeiro, no dia 24 de dezembro de 2006

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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