Michel de Montaigne

Escritor francês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Michel de Montaigne

Michel de Montaigne (1533-1592) foi um escritor, jurista, político e filósofo francês, o inventor do gênero ensaio. Foi considerado um dos maiores humanistas franceses.

Michel de Montaigne nasceu no castelo de Montaigne, Saint-Michel-de-Montaigne, na região de Bordeaux, França, no dia 28 de fevereiro de 1533.

Filho de família rica e nobre foi criado pela ama de leite numa casa de camponeses e dois anos depois retornou para a família.

Estudou com um preceptor alemão que lhe deu aulas de latim, sua primeira língua. Ingressou no colégio de Guyene, em Bordeaux. Em 1549 foi para Toulouse onde estudou Direito.

Em 1554, depois de formado, tornou-se conselheiro da Corte de Périgueux, substituindo seu pai. Quando esta se dissolveu, passou a fazer parte do Parlamento de Bordeaux.

Logo se iniciaram as violentas guerras civis que acompanharam sua vida, assim como os surtos de peste que varreram a Europa. Em um deles, testemunhou a morte de seu grande amigo o humanista e filósofo La Boétie, em 1563.

Em 1565 casou-se com Françoise de La Chassagne. Em 1568, com a morte de seu pai, tornou-se herdeiro de uma propriedade e do título de Senhor de Montaigne, o que lhe garantiu uma sobrevivência tranquila.

Em 1570 vendeu seu cargo, e no ano seguinte se retirou para sua propriedade para escrever suas reflexões num dos séculos mais conturbados da França, sob o cisma político e religioso de protestantes e católicos.

Seu retiro durou pouco, pois no ano seguinte, teve que assumir novos compromissos sociais e políticos em consequência das guerras de religião que assolava o país.

Correspondeu-se com o protestante Henrique de Navarra, que acabaria por se tornar o rei católico, Henrique IV, em 1572.

Em 1581, Montaigne realizou uma longa viagem pela Suíça, Alemanha e Itália, que relatou em um diário de viagem. Em Roma, recebeu a notícia que havia sido eleito prefeito de Bordeaux, cargo que desempenhou por quatro anos. 

Apesar do equilíbrio de suas relações com Henrique III e também com Henrique de Navarra, em missão secreta a Paris, a favor da paz, acabou preso, por um dia, na Bastilha.

Ensaios

Em março de 1580, Michel de Montaigne publicou a primeira edição de “Ensaios”, constituída de dois livros divididos em 94 capítulos. Uma segunda edição foi publicada em 1582, e a terceira surgiu em 1588.

No seu tempo, a obra foi um best-seller, seus textos eram absorvidos como um espelho da cultura clássica. Seu livro tornou-se uma das mais importantes e influentes obras do Renascimento e exerceu profunda influência sobre o pensamento moral europeu dos séculos XVII e XVIII.

A obra estabeleceu o "ensaio" como um novo gênero literário, no qual o escritor faz reflexões pessoais e subjetivas sobre diversos temas, entre eles, a religião, a educação, amizade, amor, liberdade, guerra etc.

A obra não criou nenhum sistema filosófico, foi uma tentativa de aprender sobre si mesmo e os próprios sentimentos, como ele afirmou: "Eu sou eu mesmo o tema do meu livro".

A proposta do escritor era mais questionadora e crítica do que estabelecer teses científicas.

Conceitualmente, os "Ensaios" refletem os valores clássicos das correntes céticas, estoicas e epicuristas da filosofia helenística.

Os ensaios retratavam um momento histórico em que os deuses pagãos perdiam sua força na sofisticada cultura da civilização romana, e o cristianismo ainda não havia imposto ao mundo sua enorme influência.

Naquele período de três ou quatro séculos, o homem se via com uma desconfiada liberdade. A obra de Montaigne redescobre esse indivíduo esquecido, recoloca-o no centro do mundo, depois de um longo silêncio.

Morte

Montaigne passou os últimos anos retirado da vida pública. Em sua companhia, mantinha a jovem Maria de Gournay, que tomara sob sua proteção. Deve-se a ela a edição póstuma dos "Ensaios", em 1595.

Michel de Montaigne faleceu no Castelo de Montaigne, França, no dia 13 de setembro de 1592.

Frases de Michel de Montaigne

Proibir algo é despertar o desejo.

A felicidade está em usufruir e não apenas em possuir.

Aquele que castiga quando está irritado, não corrige, vinga-se.

O homem não é tão ferido pelo que acontece, e sim por sua opinião sobre o que acontece.

Abandonar a vida por um sonho é estimá-la exatamente por quanto ela vale.

O homem que teme o sofrimento já está sofrendo pelo que teme.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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