Tia Ciata
Biografia de Tia Ciata
Hilária Batista de Almeida, mais conhecida como Tia Ciata, foi uma personalidade negra de grande importância para a cultura brasileira.
Ela viveu na segunda metade do século XIX e teve papel essencial na criação e difusão do samba. Ciata era mãe de santo e morava em uma casa na Praça Onze, no Rio de Janeiro. Lá recebia muitos músicos e abria espaço para que cantassem e tocassem em um momento em que o samba era proibido por lei.
Acredita-se que foi em seu quintal onde surgiu o primeiro samba gravado, que se chamou Pelo Telefone, de autoria atribuída ao sambista Donga.
Início da trajetória
Nascida em 13 de janeiro de 1854 no Recôncavo Baiano, ainda jovem iniciou-se na Irmandade da Boa Morte, associação afro-católica que cultuava os orixás e ancestralidade africana.
Ciata se mudou para a cidade do Rio de Janeiro em 1876, aos 22 anos e com uma filha. Ao se instalar em terras cariocas, a baiana leva referências do samba de roda (originário do Recôncavo Baiano), além de conhecimentos de ervas e culto aos orixás.
Ciata se casa com João Baptista da Silva, um funcionário público, e com ele tem 14 filhos.
Ialorixá, sambista e quituteira
Residiu em diversos lugares no Rio de Janeiro, como a Pedra do Sal e Rua General Câmara (conhecida como "rua do sabão"). Mas foi no bairro Cidade Nova, na Rua Visconde de Itaúna, localizada na Praça Onze, que ela abriria espaço para o que veio a ser o "berço do samba".
A Praça Onze era um reduto de negros e negras alforriadas, além de imigrantes de diversas localidades. O lugar fazia parte de uma região no Rio de Janeiro apelidada por Heitor do Prazeres como Pequena África.
Ela se tornou uma das mais importantes ialorixás (ou mãe de santo) de sua época, sendo também conhecida como Tia Ciata de Oxum.
Além disso, Ciata era conhecida também por seus quitutes. Ela fazia e vendia doces no tabuleiro nas ruas do Rio de Janeiro, sendo uma das primeiras baianas paramentadas com saias e turbantes a realizar tal comércio.
A casa onde morava era espaçosa e tinha um grande quintal onde jovens músicos se reuniam para comer, beber e compor. Passaram por lá nomes de grande importância como Heitor dos Prazeres, Donga, Pixinguinha, João da Baiana, entre outros.
Apesar de o samba ser proibido e perseguido pela polícia naquela época (final do século 19 e início do século 20), Tia Ciata não era importunada. Por conta de seus conhecimentos como curandeira, a baiana fez algumas boas relações. Conta-se que foi responsável pela cura de um ferimento na perna do Presidente Venceslau Brás.
Há fortes indícios de que foi em sua casa que o primeiro samba gravado foi criado. Pelo Telefone é uma canção atribuída a Donga com parceria de Mario de Almeida, lançada em 1916.
Tia Ciata alcançou reconhecimento ainda em vida, sendo muito respeitada na cena musical e também no candomblé.
Faleceu aos 70 anos, em 10 de abril de 1924, no Rio de Janeiro.
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