Dolores Duran

Cantora e compositora brasileira
Por Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

Biografia de Dolores Duran

Dolores Duran, que tinha como nome verdadeiro Adiléia Silva da Rocha, nasceu no berço de uma família humilde que vivia na Rua do Propósito, no bairro da Saúde (Rio de Janeiro). A jovem veio ao mundo no dia 7 de junho de 1930 e enfrentou uma série de barreiras por ter nascido mulata, pobre e suburbana.

A moça romântica de voz doce foi uma mulher a frente do seu tempo e se tornou uma importante compositora, letrista e intérprete. Infelizmente Dolores faleceu jovem, no dia 24 de outubro de 1959, aos 29 anos, no Rio de Janeiro, vítima de um ataque cardíaco fulminante.

Uma breve carreira repleta de sucessos

Foi Lauro Paes de Andrade, um amigo, que batizou a cantora com o nome de Dolores Duran. O nome artístico sugeria uma espécie de sofrimento prolongado e estava em sintonia com o estilo musical da intérprete.

Depois de cantar em muitas boates e no rádio, em 1952, Dolores lançou o seu primeiro disco com músicas para o carnaval.

Com uma carreira de sucesso especialmente durante os anos cinquenta, em 1958, Dolores alcançou o seu ápice ao cantor fora do país - no Uruguai e na União Soviética. Durante essa viagem, a jovem realizou dos seus maiores sonhos que era conhecer Paris.

Na música Dolores emprestou a sua voz especialmente para canções apaixonadas. As mais famosas foram: Canção da Volta, Fim de caso, Se é por falta de adeus, Solidão e Tião.

Da parceria com o compositor Tom Jobim surgiram canções de sucesso como Por causa de vocêO negócio é amar e Estrada do sol.

Dolores aprendeu a cantar ouvindo discos e emprestou a sua voz a composições em várias línguas (inglês, francês, espanhol e até esperanto) apesar de não ter estudado nenhum idioma.

A jovem fez também dois filmes: Quem sabe sabe e Rico ri à toa. 

Assim nasce uma estrela

Quando tinha 12 anos, Dolores, influenciada por um amigo, participou do programa Calouros em Desfile, da rádio Tupi. Na atração cantou o bolero Vereda tropical, em espanhol, e recebeu a nota máxima, que era 5, levando para casa o prêmio de 500 mil-réis. Foi no programa que conheceu o temido apresentador Ary Barroso.

Para ajudar a família humilde, a menina largou os estudos e começou a trabalhar no meio artístico. Dolores participou das novelas da rádio Cruzeiro do Sul, dos programas da Tupi e de uma série de peças de teatro. A moça acabou por ser contratada pela Rádio Nacional.

Dolores Duran cantou numa série de rádios até ser contratada pela Rádio Nacional
Dolores Duran cantou numa série de rádios até ser contratada pela Rádio Nacional

Dolores atuou também numa série de boates cariocas como a Vogue, a Bacará, a Little Clube e a boate do hotel Glória (onde cantava com o conjunto do Bola 7).

No final dos anos 40, a moça teve acesso a um gravador de fio pela primeira vez e fez as suas gravações iniciais. Essa foi a primeira ocasião que Dolores ouviu a própria voz. 

A cantora foi uma mulher de muitos amigos e amores

Extrovertida, Dolores colecionava amigos. Um dos mais importantes para a sua carreira foi o jornalista Antônio Maria, que escreveu vários artigos sobre a cantora ajudando a promover a sua carreira.

Outro nome importante foi o do então jovem compositor Tom Jobim. Os dois estabeleceram uma bela parceria: enquanto Tom criava as melodias, Dolores inventava as letras. Assim surgiram alguns clássicos como Se é por falta de adeus, Por causa de você e Estrada do sol.

Consta ainda que a moça era muito namoradeira para o seu tempo. Segundo a sua biógrafa Ângela de Almeida, o primeiro namorado de Dolores foi um garçom da boate Vogue, onde cantava.

Dolores também namorou os músicos João Donato e Billy Blanco - desse último resultou uma bela parceria musical uma vez que a cantora gravou uma série de músicas da sua autoria.

A jovem veio a se casar com o ator, radialista e compositor Macedo Neto no dia 8 de julho de 1955. O casamento durou 3 anos.  

Dolores Duran e o marido Macedo Neto
Dolores Duran e o marido Macedo Neto

Dolores tinha o sonho de ser mãe 

Da relação com Macedo Neto surgiu a gravidez, tubária, que não pode ser levada à frente.

Na volta da viagem que fez para o exterior em 1958, quando regressou à casa que vivia com Macedo Neto, Dolores foi surpreendida por uma senhora com um bebê ao colo que lhe bateu à porta para falar com a sua empregada Rita. 

Os pais da recém-nascida haviam falecido e mãe tinha dado a indicação para entregarem a criança à amiga Rita. Dolores e o marido resolveram adotar a bebê órfã, a registraram e chamaram a menina de Maria Fernanda da Rocha Macedo.

Dolores Duran e a filha Maria Fernanda da Rocha Macedo
Dolores Duran e a filha Maria Fernanda da Rocha Macedo

Antes de se tornar Dolores, como era a vida de Adiléia

Adiléia da Silva Rocha, que mais tarde viria a se tornar Dolores Duran, não conheceu o pai, um sargento da marinha que faleceu cedo, e teve pouco estudo (cursou apenas o primário numa escola pública). 

Filha de Josefa (conhecida como dona Zefinha), Dolores era a terceira filha de quatro irmãos. A família foi criada no subúrbio do Rio de Janeiro.

Dolores Duran viveu e morreu do coração

Ainda criança, entre os 8 e 9 anos, Dolores teve uma febre reumática que deixou sequelas no coração para todo o sempre.

Aspirando cuidados, a moça deveria ter uma vida regrada, sem extravagâncias. A jovem, no entanto, como trabalhava na noite, acabou por descumprir todas as regras tendo uma rotina com álcool, cigarro e poucos cuidados de alimentação. 

O problema de saúde se agravou e, em 1955, aos apenas 25 anos, Dolores precisou ficar internada devido aos problemas cardíacos durante um mês no hospital Miguel Couto, no Rio de Janeiro.

A cantora faleceu de modo precoce, aos apenas 29 anos, vítima de um ataque cardíaco fulminante enquanto dormia, em casa, num apartamento alugado em Ipanema, zona sul carioca. Dolores Duran estava no auge da sua carreira.

Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).
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