Murillo La Greca

Pintor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Murillo La Greca

Murillo La Greca (1899-1985) foi um pintor, escultor e professor brasileiro, o primeiro a implantar no Nordeste, na Escola de Belas Artes, a disciplina de Modelo Vivo.

Vicente Murillo La Greca nasceu em Palmares, no interior do estado de Pernambuco, no dia 3 de agosto de 1899. Era filho dos italianos Vicenzo La Greca e Teresa Carlomagno que vieram para o Brasil em busca de uma nova vida. Se conheceram no Recife onde se casaram e tiveram doze filhos, sendo Murilo o mais novo.

Aos 12 anos, interessado pela paleta e pelos pinceis, passou a pintar regularmente. Aluno do Colégio Salesiano, acompanhava os trabalhos do Padre Solari que pintava grandes cenários para as peças teatrais encenadas pelos alunos.

Formação

Com 17 anos foi para o Rio de Janeiro onde estudou pintura no atelier dos irmãos Bernardelli, ´poce em que teve contato com outros pintores, como Pietro Brugo, que viria facilitar sua primeira viagem à Itália.

Em 1919 viajou para Roma, onde estudou no Real Instituto de Belas Artes, na Associação Artística Internacional e na Academia do Nu, quando passou por um intenso aprendizado e aprimoramento, quando se dedicou ao desenho de modelo vivo.

Nessa época, destacaram-se seus desenhos “Estudo de Cabeça de Mulher”, “Sírio”, “Velho Modelo” e “Nu Feminino” e a pintura “A Fonte de Castália”.

Apesar de registrado como Vicente La Greca, sua trajetória artística era influenciada pelo artista Bartolomé Esteban de Murillo, levando-o a incorporar o nome daquele pintor à sua identidade.

Passou então a ser conhecido como Murillo La Greca. Em 1925 voltou ao Brasil e, no ano seguinte realizou uma exposição no Clube Internacional, com 53 desenhos e pinturas, um sucesso de público e crítica.

Em 1927 foi para o Rio de Janeiro, quando expôs cinco telas no Salão Nacional de Belas Artes. Recebeu a medalha de prata com o quadro “Os Últimos Fanáticos de Canudos”.

Nos anos seguintes, Murillo La Greca realizou exposições no Palacete Santa Helena (1928), em São Paulo, no Teatro Santa Isabel (1929), no Recife, e na Casa Canetti (1930), no Rio de Janeiro.

Murillo passou a lecionar na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde conheceu e se apaixonou pela aluna Sílvia Decusati, também de origem italiana. Em 1936 casaram-se e foram morar na Itália, onde La Greca se dedicou ao estudo de afrescos.

Em 1939, de volta ao Recife, recebe o convite para pintar os afrescos da Basílica da Penha, quando ele pintou “Os Quatro Evangelistas” nos pendentes da cúpula do altar-mor.

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Afrescos da Cúpula da Igreja da Penha

Nessa época, ajudou a criar a Escola de Belas Artes, onde Implantou e lecionou a disciplina de Desenho de Modelo Vivo e o curso livre. Nesse período ele produziu alguns de seus trabalhos mais famosos.

Participou de exposições de pintura e escultura na cidade de Natal. Expôs nos salões da Casa Laubitsch Hirth, no Recife.

Executou uma série de retratos de personalidades da República, para o Exército, entre elas o do “Frei Caneca”:

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Frei Caneca

Na década de 50, Murillo La Greca iniciou a pintura de um painel de 7m x 3,50m para a Universidade Federal de Pernambuco, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina, cujo tema era Hipócrates.

A obra intitulada “A Primeira Aula de Medicina”, só foi concluída em 1970.

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A Primeira Aula de Medicina 

Em 1967, com a morte de sua esposa, sua produção diminuiu drasticamente. Sílvia era a mais solidária companheira de profissão e a musa inspiradora do pintor Ao longo da vida foi retratada em muitos de seus quadros.

O sonho de Murillo era criar o “Museu Murilo La Greca” para reunir as mais de mil obras, suas e de Sílvia. O sonho foi concretizado no dia 12 de dezembro de 1985, mas o pintor não conseguiu inaugurá-lo, falecendo alguns meses antes.

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Museu Murillo La Greca

O Museu Murillo La Greca está localizado na Rua Leonardo Cavalcanti, 366, no bairro do Parnamirim, Recife, de frente para o rio Capibaribe.

Murillo La Greca faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 5 de julho de 1985.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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