Josef Mengele

Médico e carrasco nazista
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Josef Mengele

Josef Mengele (1911-1979) foi um médico alemão conhecido como “anjo da morte”. Trabalhou no campo de extermínio nazista de Auschwitz onde realizou diversas experiências genéticas em seres humanos.

Infância e Formação

Josef Mengele nasceu na cidade de Günzbur, Alemanha, no dia 16 de março de 1911. Filho primogênito de Karl Mengele, dono da terceira maior indústria de equipamentos agrícolas da Alemanha. Josef Mengele não se interessava pelos negócios da família, queria ser um cientista famoso.

Em 1930, ingressou no curso de medicina na Universidade de Munique. Na época, a cidade era sede do partido nazista. Durante os estudos foi influenciado pelo professor Ernst Rudin, que defendia que “médicos deveriam eliminar certas vidas destituídas de valor para higienizar a raça”. Em 1933, quando Hitler virou chanceler alemão, a ideia de Rudin virou a “lei para prevenir doenças hereditárias”.

Em 1935, Mengele obteve o PhD em antropologia. A Universidade de Munique era aberta para a ascensão dos nazistas, que confundiam antropologia com genética e genética com eugenia. Com 45% dos médicos alemães filiados ao partido nazista, a eugenia chegou a Josef Mengele.

Partido Nazista

Em 1937, Mengele ingressou no partido nazista. Tornou-se assistente do Dr. Otmar von Verschuer, conhecido por suas pesquisas com gêmeos, no Instituto de Biologia Hereditária e Higiene Racial, em Frankfurt. Em 1938 filiou-se à Schutzstafel, força paramilitar de Hitler. Dois meses depois, recebeu o título de doutor pela Universidade de Frankfurt.

No dia 1 de setembro de 1939 a Alemanha invadiu a Polônia e iniciou-se a Segunda Guarra Mundial. Em junho de 1940, Mengele foi convocado para o exército. Trabalhou como médico no escritório central de Imigração. Depois de uma breve passagem pelo front soviético, no qual resgatou dois soldados alemães de um tanque em chamas, foi condecorado com a Cruz de Aço.

Ferido durante a campanha, Mengele voltou para a Alemanha em fevereiro de 1943. Retornou para a pesquisa médica no Instituto de Antropologia, Genética Humana e Eugenia, dirigido por Verschuer. Em abril de 1943, Josef Mengele foi promovido ao posto de capitão da SS e transferido para Auschwitz, no sul da Polônia.

Auschwitz

Josef Mengele chegou em Auschwitz II em 30 de maio de 1943. Designado para o campo, fazia a seleção de prisioneiros. Para direita iam os judeus capazes para o trabalho escravo, para a esquerda iam os incapazes de Birkenan, rumo às câmaras de gás.

Sua crueldade não tinha limites: no fim de 1943, em uma epidemia de tifo entre as presas de Birkenau, sem hesitar, Mengele mandou matar todas as 600 mulheres de um bloco e em seguida mandou desinfetar o local e, em uma crise de abastecimento de comida, Mengele mandou cerca de 4 mil mulheres para a câmara de gás diariamente. Auschwitz tinha mais de 30 médicos, mas Mengele ganhou mais notoriedade pela eficiência de lidar com os casos. Ficou conhecido como o “anjo da morte”.

Experimentos Humanos

Auschwitz era o maior dos campos de concentração e Mengele praticou, em escala monumental, seus experimentos de “higiene racial”. No verão de 1943, realizou sua primeira tentativa: injetou pigmentos nas íris de dezenas de crianças, para reproduzir olhos azuis. O resultado foi infecção e, em alguns casos, cegueira. Mengele preservava os olhos e mandava as crianças para a câmara de gás. Fez experiências com anões e pessoas com deficiências.

Os Gêmeos

Josef Mengele buscava nas filas de prisioneiros um terceiro grupo, os irmãos gêmeos, seu maior interesse, para cobaias de seus experimentos. Pares univitelinos eram bem alimentados e tratados contra doenças num galpão em Birkenau, apelidado de “Zoológico”.

Uma vez saudáveis, os gêmeos, a maioria crianças, seguiam para o hospital, onde médicos tiravam suas medidas e os entregava a Mengele que dava início aos experimentos: amputação, punções lombares, transfusões de sangue do tipo incompatível, infecções por doenças etc. Um irmão servia de cobaia e o outro de controle, depois o médico matava os dois e comparava os corpos.

Fuga

No dia 17 de janeiro de 1945, quando o exército soviético avançou pela Polônia Ocidental, Mengele fugiu de Auschwitz. Todos os registros de seus experimentos foram queimados. Em setembro, trocou de identidade e virou Fritz Hollmann, um camponês, e trabalhou em plantações de batatas, no sul da Alemanha, por quatro anos.

Em 1949, Mengele conseguiu um passaporte falso da Cruz Vermelha, com o nome de Helmut Gregor. Abandonou a Alemanha, deixando para trás a mulher Irene e o filho de 5 anos, para iniciar uma vida nova em Buenos Aires, Argentina, onde encontrou uma rede de proteção nazista.

Graças ao dinheiro da família, tinha uma vida de classe média. Em 1959, descoberto seu paradeiro, o governo alemão pediu sua extradição. Mengele fugiu para o Paraguai, onde o ditador Alfredo Stroessner lhe concedeu a nacionalidade paraguaia. Quando se sentiu perseguido, fugiu para o Brasil.

Josef Mengele no Brasil

Quando soube que estava ameaçado, com a ajuda de Wolfgang Gerhard, ex-líder da Juventude Hitlerista, Mengele foi trazido para o Brasil e com a identidade de Peter Hochbichler se tornou um camponês suíço, indo administrar uma propriedade em Nova Europa, no interior de São Paulo, de propriedade dos húngaros Geza e Gitta Stammer.

Josef Mengele morou ainda em uma fazenda em Serra Negra, São Paulo, e em 1969 foi para um sítio em Caieiras, na Grande São Paulo. Nessa época, foi apresentado ao casal de austríacos Wolfram e Liselotte Bossert. Em 1971, o amigo Gerhard voltou para a Áustria e deixou com Mengele sua cédula de identidade.

Em 1974, os Stammer venderam o sítio e enviaram Mengele para um casebre perto da Billings. Em 1979, o casal Bossert levou Mengele para sua casa em Bertioga. Na tarde do dia 7, Mengele foi para a praia, entrou na água, teve um AVC e não resistiu.

Josef Mengele faleceu em Bertioga, São Paulo, no dia 7 de fevereiro de 1979. Em 1992, um exame de DNA confirmou a identidade de Mengele.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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