Almirante Tamandaré
Biografia de Almirante Tamandaré
Almirante Tamandaré (1807-1897) foi militar da Marinha do Brasil. Combateu em todas as lutas do império, entre elas as "Guerras de Independência", "A Confederação do Equador", "A Guerra contra Oribe e Rosas" e a "Guerra do Paraguai". Recebeu o título de Almirante, o mais alto posto da Marinha. Comandou diversas esquadras. Foi nomeado Patrono da Marinha do Brasil.
Almirante Tamandaré (Joaquim Marques Lisboa) nasceu na vila de São José do Norte, Rio Grande do Sul, no dia 13 de dezembro de 1807. Filho de Francisco Marques, patrão-mor do porto do Rio Grande, acompanhava o pai ao trabalho no porto, subia nos navios e conversavam com os marinheiros.
Com sete anos viu seu pai viajar para o Rio com seu irmão Manuel. Iria tentar uma vaga na Academia Real dos Guardas-Marinhas. Com a influência de um parente, o Conselheiro Lisboa, Manuel foi matriculado na academia.
Ingresso na Marinha
A esperança de Joaquim de ingressar na Marinha só chegou em 1822, com a Independência do Brasil e a necessidade de contratação de tripulantes para a nova esquadra que iria combater os movimentos armados contra a independência e resguardar a soberania da imensa costa brasileira.
Nas províncias da Bahia, Maranhão, Pará e Piauí, os portugueses que se mantinham fiéis à sua Pátria iniciaram movimentos armados contra a Independência, conhecidos como "Guerra de Independência".
No dia 4 de março de 1823, Joaquim apresentou-se, como voluntário, ao comandante da fragata Niterói, o inglês radicado no Brasil, John Taylor. No dia 29 de abril, a fragata deixa o porto do Rio e se encontra com as outras que zarparam dois dias antes.
O futuro Almirante Tamandaré tomou parte nas operações navais em Salvador e Itaparica. A fragata Niterói também perseguiu diversas embarcações portuguesas e conquistou uma grande vitória.
De volta ao Rio de Janeiro, em dezembro de 1823, Joaquim matricula-se na Academia da Marinha e inicia um curso de inglês, onde se tornou amigo de Francisco Manuel Barroso, futuro almirante e barão do Império.
Guerras e movimentos separatistas
Em 1824, a Assembleia Constituinte foi dissolvida e várias províncias rebelaram-se. Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba uniram-se e formaram a "Confederação do Equador", abalando a unidade do Império.
Em julho de 1824, Joaquim embarcou na nau Pedro I, em direção às províncias rebeladas, sob as ordens do almirante Taylor, que levava soldados de infantaria encarregados de atacar os republicanos por terra.
Restabelecido o poder imperial, Joaquim voltou ao Rio de Janeiro em 1825. No dia 2 de fevereiro, era promovido Segundo-Tenente, tinha apenas dezoito anos.
No sul do país surgia outro movimento separatista na "Província Cisplatina". No dia 9 de fevereiro de 1826, Joaquim parte para o combate na nau Niterói, comandada por James Norton.
Nas batalhas que enfrentou mostrou habilidade estratégica e com 19 anos recebeu o comando da escuna Constança. No dia 6 de março, junto com 40 homens, ao tentar um ataque por terra, é preso e jogado no porão de um navio, onde ficou até 30 de março de 1826.
Levados para o continente, depois de seis meses, diversos prisioneiros conseguiram fugir em agosto de 1827, entre eles, Joaquim Marques Lisboa. Promovido a Primeiro-Tenente passa a servir na corveta Maceió. Em setembro, enfrenta nova missão no sul para atacar os "corsários", quando seu barco bateu contra os rochedos e naufragou na baía de São Brás. Foi então resgatado pela fragata Príncipe Imperial.
Com a arbitragem da Inglaterra a guerra chega ao fim. O Uruguai torna-se independente, o Brasil e a Argentina comprometeram-se a respeitar sua soberania.
Em abril de 1831, D. Pedro I abdica e durante a Regência surgiram várias rebeliões. A Marinha era peça fundamental para manter a unidade do país. Em setembro, o comandante Joaquim Marques Lisboa vence uma revolta no Recife, e outra no Ceará.
Em 1834 estoura a "Cabanagem" em Belém do Pará e o comandante partiu para a nova missão. Em 1936 é promovido a Capitão-Tenente. Em 9 de dezembro de 1837, requer licença para tratamento de saúde.
O Almirante Tamandaré casa-se com sua sobrinha, Eufrásia de Lima Lisboa, no dia 19 de fevereiro de 1938. Juntos tiveram seis filhos. Pouco depois do casamento foi mandado para Salvador para lutar na "Sabinada", sufocada em março de 1838.
Em seguida combateu na "Revolução Farroupilha", no Rio Grande do Sul. Em 1939, lutou na "Balaiada", no Maranhão, onde junto com o presidente da província, o Duque de Caxias, formaram a Divisão Pacificadora do Norte.
Em 1840, aos 32 anos de idade, foi promovido a Capitão de Fragata. Em 1841, passa sete meses em tratamento de saúde e em seguida é encarregado de adaptar a fragata Príncipe Imperial, para o quartel dos aprendizes marinheiros.
Capitão de Guerra
Em 1844 recebeu o comando da Divisão Naval do Centro, com sede em Salvador. Foi promovido a Capitão de Guerra. Foi incumbido por D. Pedro II, de comandar a corveta Dom Afonso. O Capitão de Guerra foi à Inglaterra buscar o navio.
Depois de várias aventuras, em 1850, chegou ao porto do Recife. Em 1851, comandou a esquadra imperial nas "Guerras contra Oribe e Rosas".
Em 1959 foi com a esposa para a Europa contratar marinheiros e técnicos e encomendar a construção de dez canhões. Deixou a esposa em Paris para tratamento de saúde e voltou ao Rio de Janeiro.
O primeiro fidalgo da Marinha
Em setembro de 1859, o Capitão foi nomeado comandante da divisão naval que levaria D. Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina para a Bahia e Pernambuco. Acompanhou o monarca na visita ao vilarejo de Tamandaré, no litoral de Pernambuco, um dos centros de reação contra os holandeses.
No cemitério, ao lado da Igreja de Santo Inácio, estava enterrado seu irmão Manuel. Com permissão do imperador os restos mortais foram levados com honras militares para o Rio. Em 14 de março de 1860, Joaquim Marques Lisboa recebia o título de "Barão de Tamandaré".
A Guerra do Paraguai
Em 1864, começa a mais longa das guerras, a "Guerra do Paraguai". O comandante elabora minuciosamente o plano de ataque. Determinou o bloqueio do rio Paraguai.
Assistiu, em companhia de D. Pedro II, a rendição de Uruguaiana em 1865. Comandou a vitoriosa esquadra brasileira na Batalha do Riachuelo em 11 de junho. Em novembro de 1866, doente, pede licença para tratamento.
Títulos e honrarias
No dia 9 de janeiro de 1867, o Barão de Tamandaré recebe o mais alto posto da Marinha "Almirante Tamandaré". No dia em que completou 80 anos recebeu o título de "Conde" e depois foi elevado a "Marquês", recebendo também a "Ordem da Rosa".
Grande amigo de D. Pedro II, na proclamação da República, entristeceu-se com a deposição do monarca, de quem foi se despedir no caminho para o exílio.
Almirante Tamandaré faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de março de 1897. Foram sessenta anos de serviços prestados ao Império. Posteriormente foi declarado Patrono da Marinha Brasileira. No dia de seu nascimento, 13 de dezembro, comemora-se o dia do marinheiro.
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