Ulysses Guimarães

Político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Ulysses Guimarães

Ulysses Guimarães (1916-1992) foi um político brasileiro, um dos protagonistas da redemocratização do Brasil. foi presidente do MDB, do PMDB e da Assembleia Constituinte de 1988.

Por mais de quatro décadas participou dos principais acontecimentos da vida nacional e em especial do movimento pelas  eleições diretas.

Ulysses Silveira Guimarães nasceu em Rio Claro, São Paulo, no dia 6 de outubro de 1916. Era filho do coletor federal Ataliba Silveira Guimarães e da professora Amélia Correia Fontes Guimarães. Ingressou no curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, formando-se em 1940. Durante essa época, foi vice-presidente da União Nacional de Estudantes (UNE).

Em 1945 ingressou no Partido Social Democrático (PSD), quando permaneceu até sua extinção em 1965. Em 1947 foi eleito deputado estadual em São Paulo. Em 1950 foi eleito deputado federal por São Paulo e reeleito por oito mandatos consecutivos, permanecendo no cargo até 1995.

Durante o primeiro mandato (1951-1953) integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do jornal Última Hora de Samuel Wainer, fundado para dar cobertura ao governo do presidente Getúlio Vargas, que culminou com o suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954.

Em 1961, com a renúncia do presidente Jânio Quadros instalou-se uma grave crise no Brasil. Neste mesmo ano, Ulysses Guimarães votou a favor da Emenda Constitucional n.º 4 que instituiu o parlamentarismo no país. O novo sistema garantiu a posse do vice João Goulart na presidência, tendo Tancredo Neves como primeiro-ministro.

Em 1961, Dr. Ulysses, como era chamado, foi nomeado Ministro da Indústria e Comércio, no gabinete do primeiro ministro Tancredo Neves. Em 1962 exonerou-se do cargo, junto com todo o gabinete e retornou à Câmara Federal.

Regime militar

No dia 31 de março de 1964 um golpe militar afastou o presidente João Goulart. De imediato, Ulysses Guimarães apoiou a deposição do presidente, mas logo depois entrou em atrito com o regime militar. Após a edição do Ato Institucional n.º 2 de 21 de outubro de 1965 que extinguiu os partidos políticos, instaurando o bipartidarismo no país, Ulysses filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), tornando-se um dos principais opositores da ditadura militar instalada no país. Em 1971 foi nomeado presidente do MDB.

Em 1973, Ulysses apresentou-se como "anticandidato" à presidência da República no Colégio Eleitoral, na sucessão do general Emílio Garrastazu Médici tornando-se um símbolo de resistência ao regime militar que vigorava no país.

Uma eleição indireta realizada em 15 de janeiro de 1974 deu a vitória ao general Ernesto Geisel. Em novembro deste mesmo ano, Dr. Ulysses foi reeleito deputado federal pela sétima vez consecutiva. O MDB elegeu 15 senadores nas 21 vagas e 165 vagas entre os 364 deputados federais.

Em 1977 o MDB se recusou a aprovar a reforma do judiciário enviada pelo presidente Geisel, como retaliação foi decretado o recesso do Congresso e editado o chamado “pacote de abril”, que estabelecia a permanência do pleito indireto para governadores em 1978 e para um senador por estado.

Depois que o MDB conseguiu formar uma rede nacional de rádio e televisão em que fazia duras críticas ao regime militar, o líder do MDB na Câmara, Alencar Furtado teve seu mandato cassado e os direitos políticos suspensos por 10 anos. Ulysses Guimarães foi acusado de desobediência à legislação eleitoral.

Em 1978 foi revogado o AI-5 e aprovada nova lei de Segurança Nacional. Em agosto desse mesmo ano, o MDB aprovou os nomes do general Euler Bentes e do senador Paulo Brossard para presidente e vice-presidente, respectivamente, mas por via indireta foi eleito o general João Figueiredo e Aureliano Chaves. Ulysses foi mais uma vez reeleito para o senado.

Em 1979 foi aprovada a Lei da Anistia que suspendeu as penalidades impostas aos opositores do regime militar. Neste mesmo ano o governo extinguiu o bipartidarismo. No lugar do MDB e Arena, organizaram-se cinco partidos, entre eles o PMDB, sucessor do MDB, sendo Ulysses eleito seu presidente.

Diretas já

Em 1982, a sociedade brasileira começou a organizar a campanha das “diretas já”. Ulysses Guimarães, chamado de “Senhor Diretas” participou ativamente dos comícios que reuniam multidões em todo o país.

No dia 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito presidente pelo Congresso Nacional, tornando-se o primeiro presidente civil depois de 21 anos de governos militares. Sua posse estava marcada para o dia 15 de março, mas na noite do dia 14, Tancredo foi internado às pressas em um hospital em Brasília. José Sarney foi empossado interinamente na presidência. No dia 21 de abril de 1985, Tancredo faleceu estarrecendo o país. Ulysses, além de ocupar a presidência da Câmara dos Deputados, era o substituto legal de Sarney.

Em 1986, Ulysses foi reeleito presidente do PMDB. Percorreu o país fazendo campanha dos candidatos do partido aos governos estaduais. Em novembro conseguiu eleger todos os governadores, menos o de Sergipe. No dia 3 de março de 1986, foi eleito presidente da Assembleia Constituinte No dia 5 de outubro de 1988 a nova Constituição Brasileira foi promulgada.

Nas eleições diretas de 1989, Ulysses foi escolhido pelo PMDB, mas obteve poucos votos. No segundo turno, Fernando Collor foi eleito presidente. Em 1990, Ulysses foi reeleito deputado federal. Em 1991 Orestes Quércia o substituiu na presidência do PMDB. Em 1992 trabalhou na CPI para apurar as denuncias contra Collor. Em 29 de setembro foi decretado o impeachment de Collor, sendo substituído por Itamar Franco.

Morte trágica

No dia 12 de outubro de 1992, uma tempestade no mar, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, derrubou o helicóptero em que Ulisses viajava. Seu corpo nunca foi encontrado. No mesmo acidente morreu sua esposa Mora Guimarães, o ex-senador Severo Gomes, sua esposa, e o piloto da aeronave.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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