Prudente de Moraes

Ex-presidente do Brasil
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Prudente de Moraes

Prudente de Moraes (1841-1902) foi o primeiro presidente civil do Brasil e o primeiro eleito pelo voto popular. Foi o terceiro presidente da República, tomou posse em 15 de novembro de 1894 e permaneceu no cargo até 1898.

Infância e Formação

Prudente José de Moraes Barros nasceu em Itu, São Paulo, no dia 4 de outubro de 1841. Filho de José Marcelino de Barros, agricultor e tropeiro, e de Catarina Maria de Moraes, ficou órfão de pai quando tinha 3 anos de idade. Algum tempo depois sua mãe se casou com o Major José Gomes Carneiro. Aprendeu com a mãe as primeiras letras. Foi aluno do Colégio Manuel Estanislau Delgado.

Em 1857, Prudente de Moraes mudou-se para São Paulo, onde em 1858 conclui seus estudos preparatórios no Colégio João Carlos da Fonseca. Em 1859 entrou para a Faculdade de Direito de São Paulo, onde fez amizade com futuros líderes da República e notórios homens públicos, entre eles, Campos Sales, Francisco Rangel Pestana e Bernardino de Campos.

Carreira Política

Em 1863, já formado, Prudente de Moraes mudou-se para Piracicaba, onde morava seu irmão Manuel, fazendeiro, advogado e político. Abriu um escritório de advocacia e iniciou sua vida pública.

Pertencente ao Partido Liberal foi eleito vereador em 1864. Em janeiro de 1865 foi eleito presidente da Câmara Municipal. Por petição, conseguiu mudar o nome da cidade, antes Vila Nova da Conceição, para Piracicaba, como era popularmente conhecida.

Em 1866, Prudente de Moraes viajou para Santos onde se casou com Adelaide Benvinda, filha de seu padrinho. Dessa união nasceram oito filhos.

Em 1876, Prudente de Moraes declarou-se republicano, tendência que representou na Assembleia Provincial e depois na Assembleia Geral do império. Em 1877 foram eleitos três deputados por São Paulo e Prudente foi o que recebeu o maior número de votos.

Em 1885 foi eleito deputado para a Câmara do Império. Com a Proclamação da República, formou-se uma junta para governar São Paulo e Prudente foi designado, junto com Francisco Rangel Pestana e o Tenente Coronel Joaquim de Souza Mursa.

Em 18 de outubro de 1890, Prudente deixou o governo paulista para participar da Assembleia Constituinte da República, como senador. A sessão começou em 15 de novembro de 1890, um ano após a Proclamação da República. Prudente foi escolhido para presidir a Assembleia que redigiria a Primeira Constituição Republicana. Só em 24 de fevereiro de 1891 a Constituição foi aprovada.

Elaborada a Constituição, Prudente de Moraes disputou com Deodoro da Fonseca a presidência da República. Embora a constituição estabelecesse que a eleição para presidente fosse direta, Prudente foi derrotado por Deodoro da Fonseca, eleito pelo Congresso Nacional. Com a derrota. Morais voltou ao Senado até o fim do mandato. Com o clima político tumultuado, Deodoro renunciou e assumiu seu vice Floriano Peixoto.

Presidente da República

Ao término do mandato de Floriano Peixoto, o recém-fundado Partido Republicano Federal apresentou Prudente de Moraes como candidato único, escolhido em reunião prévia dos partidos estaduais, foi eleito em 1 de março de 1894, o primeiro presidente eleito pelo voto popular, tomando posse em 15 de novembro como o primeiro presidente civil.

A vitória de Prudente de Moraes simbolizava o término do poder político dos militares e a ascensão política dos fazendeiros, ou das oligarquias agrárias.

Ao assumir a presidência, Prudente de Moraes se viu diante de um país que passava por momentos de intensa agitação política, tanto na Capital Federal, resultado ainda da instalação da República, e das lutas partidárias no Rio Grande do Sul, que se transformaram numa violenta guerra civil.

Seu governo enfrentou a queda do preço do café no mercado internacional e a desvalorização da moeda.

As manifestações tornaram-se mais intensas quando o vice-presidente Manuel Vitorino, elemento ligado aos radicais, ocupou interinamente o cargo de presidente da República, pois Prudente de Moraes havia se afastado por doença. Só em 1897, Prudente estava de volta.

A Guerra dos Canudos

A Guerra dos Canudos foi um movimento de resistência à opressão dos latifundiários comandada por Antônio Conselheiro, no sertão baiano, foi o problema mais grave do governo de Prudente de Moraes. Ocupou grande parte do seu governo, de 1896 a 1897.

Para dispersar o movimento de resistência no Arraial de Canudos, comandado por Antônio Conselheiro, o governo da Bahia enviou para a região três expedições militares, todas derrotadas.

prudente de morais
Guerra de Canudos (1896-1897)

O Presidente, ao reassumir o governo, ordenou ao Ministro da Guerra Marechal Bittencourt que se dirigisse para a Bahia e assumisse o controle das operações. Após intenso bombardeio de canhões o arraial não resistiu, sua população foi toda massacrada.

Últimos Anos de Governo

No dia 5 de novembro de 1897, Prudente de Moraes foi recepcionar o Marechal Bittencourt no antigo Arsenal da Guerra, quando escapou de um atentado que terminou com a morte do Marechal que levou diversas punhaladas ao tentar defender o presidente. Tal fato levou o presidente a decretar o estado de sítio, afastando os políticos de oposição e pacificando a República.

Com a assessoria de seus ministros da Fazenda, Rodrigues Alves e Bernardino de Campos, negociou com os banqueiros ingleses a consolidação da dívida externa, operação financeira que ficou conhecida como funding loan, base da política executada por Joaquim Murtinho nos quatro anos seguintes.

No dia 15 de novembro de 1898, transmitiu o cargo para o novo presidente, Campos Sales. No dia 23 seguiu para Piracicaba. A partir de 1901, muito doente e enfraquecido, teve a saúde agravada pela tuberculose.

Prudente de Moraes faleceu em Piracicaba, São Paulo, no dia 3 de dezembro de 1902.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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