Infante D. Henrique

Navegador português
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Infante D. Henrique

Infante D. Henrique, o navegador (1394-1460), foi um infante português que teve um relevante papel na expansão marítima portuguesa. Reuniu na Ponta de Sagres, no Algarve, cartógrafos, matemáticos e peritos na arte de navegação e fez desse local o centro dos conhecimentos náuticos da Europa.

Em Sagres. foi construído um observatório astronômico, o primeiro conhecido na Europa. O astrolábio, instrumento de origem árabe que ajudava os navegantes a se guiarem pelas estrelas, foi aperfeiçoado, e novas técnicas de construção de barcos foram criadas.

D. Henrique de Avis, conhecido como D. Henrique, o navegador nasceu na cidade do Porto, Portugal, no dia 4 de março de 1394. Foi o quinto filho do rei D. João I de Portugal e da rainha Filipa de Lencastre, filha do príncipe Inglês João de Gante e neta de Eduardo III. Como os irmãos, foi educado ao estilo inglês e recebeu formação política militar e literária.

Início da Expansão marítima

Durante o reinado de D. João I teve início os preparativos para a expansão ultramarina portuguesa incentivada pelos infantes D. Pedro e D. Henrique e pelo príncipe D. Duarte.

No dia 25 de julho de 1415 partiu de Lisboa a primeira campanha militar para o Norte da África com o objetivo de conquistar a cidade marroquina de Ceuta. O infante D. Henrique teve participação destacada na conquista da cidade, onde foi armado cavaleiro. Os mouros fizeram grande resistência, mas a cidade foi tomada pelos portugueses. Esse foi o primeiro feito que deu início à expansão marítima portuguesa.

De volta a Portugal, D. Henrique recebeu os títulos de “Duque de Viseu” e “Senhor de Covilhã”. No ano seguinte, realizou por sua iniciativa uma expedição às ilhas Canárias. Nesse mesmo ano, ficou encarregado da defesa de Ceuta onde permaneceu durante três meses.

Motivos econômicos, como a abertura de novos mercados e o acesso às riquezas das Índias, como também motivos religiosos (místico, o infante D. Henrique teria sonhado encontrar na África potentados cristãos que o ajudariam na luta contra os inimigos da fé) levaram o infante a deixar a corte em 1416 e fundar uma vila perto de Sagres.

Em 1418, por ordem do papa Leão X, o infante foi nomeado o administrador da Ordem de Cristo, que junto com a Ordem de Avis, era a herdeira dos Templários. Recusou o título de grão mestre, pois o voto de pobreza o privaria da renda dos seus senhorios. A enorme fortuna das Ordens lhe possibilitou um grande número de viagens e descobertas de novas terras.

Sagres e as descobertas

Em 1419, o rei D. João I, empossou D. Henrique como governador do Algarve, região no sul de Portugal. Instalado na vila de Sagres, o infante iniciou seus planos para a futura expansão marítima portuguesa. No mesmo ano, os primeiros navios chegaram à ilha de Porto Santo.

A cidade de “Lagos”, no sul de Portugal, foi um dos principais portos durante os descobrimentos realizados entre os séculos XV e XVI. A Cruz de Cristo foi estampada nas velas das embarcações durante as viagens de exploração.

Infante D. Henrique
Cruz de Cristo

As explorações seguintes resultaram na descoberta da Ilha da Madeira, em 1419, que só foi colonizada em 1425 e dos Açores, em 1432. Em 1433, ao assumir o trono de Portugal, D. Duarte destinou a seu irmão D. Henrique, um quinto de todos os proveitos comerciais das regiões colonizadas.

Em 1434, sob as ordens de D. Henrique, Gil Eanes dobrou o cabo Bojador, até então o limite das explorações portuguesas. Rio do Ouro só foi alcançado em 1436.

O Infante D. Henrique mandou construir estaleiros e observatórios em Sagres e reuniu alguns dos mais notáveis cartógrafos, astrônomos, matemáticos e peritos na arte da navegação. Segundo a tradição, teria sido na “escola de Sagres” que se formaram os navegadores Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães.

Em 1437, sob as ordens do rei, os infantes D. Henrique e D. Fernando partiram de Lisboa, liderando uma força militar, na tentativa de conquistar a cidade marroquina de “Tânger”, dominada pelos muçulmanos, mas o exército português foi derrotado o que culminou com a prisão e morte de D. Fernando.

Infante D. Henrique
Caravelas portuguesas

Após a derrota de Tânger, D. Henrique começou a construção de novas caravelas e só em 1441 as navegações foram retomadas. Nesse mesmo ano, Nuno Tristão alcançou o Cabo Branco (Mauritânia). Foi também em 1441 que foram transportados os primeiros escravos e criado um entreposto comercial no Cabo Branco. No mesmo ano, descobriu Guiné.

Em 1443, uma expedição chegou à Ilha de Arguim onde foi criada a primeira feitoria portuguesa em terras africanas, o que deu início às transações comerciais ao longo da costa. Em 1446 descobriram Serra Leoa. Em seguida, alcançaram Gâmbia (1457).

Em 17 de outubro de 1458, partiu do porto de Lagos, uma expedição comandada pelo rei D. Afonso V (filho de D. Duarte) e pelo Infante D. Henrique, quando conquistaram Alcácer-Cequer, uma região no norte da África, entre Ceuta e Tânger. Em 1460 alcançaram o arquipélago de Cabo Verde.

Morte

O Infante D. Henrique o Navegador faleceu em Sagres, no dia 13 de novembro de 1460. Foi sepultado na Igreja de Santa Maria de Lagos e depois foi trasladado para o Mosteiro da Batalha, construído por seu pai.

Com a morte do Infante, as explorações ficaram em mãos de mercadores sob concessão real, mas depois, o rei D. Afonso V deu continuidade às expedições quando recuperou Tânger e conquistou outras terras na costa da África.

Segundo a tradição a “Escola de Sagres” foi invadida e saqueada pelo pirata inglês Francis Drake, no século XVI e, por esse motivo, não existe hoje nenhuma documentação que comprove as atividades da Escola.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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